Sansão, o Forte nasceu da experiência materna da autora. Seu filho caçula, por volta dos seis anos, passou a ter grande atenção e interesse por armas, principalmente facas, e também a ter atitudes agressivas, como o uso frequente de palavrões na comunicação. A observação como mãe e psicóloga resultou na constatação de que esse comportamento tinha como origem medos profundos que o filho estava experimentando e que a agressividade era um modo reativo de proteção. Nessa situação, o interesse pelas armas acontecia por representarem para ele meios de garantir essa proteção, contra os supostos “enemigos” – a palavra foi mantida com a grafia errada no texto pois era assim que o menino se referia às supostas ameaças que seus medos e inseguranças o faziam acreditar que existissem. A narrativa mostra essa fixação do personagem Sansão por armas, evolui para a descrição de seus medos, medos esses tão comuns entre as crianças e até mesmo entre adultos, e evolui para a resolução através do apoio das pessoas próximas como familiares e amigos e da retomada de confiança. Essa conquista passa muitas vezes pelo reconhecimento dos nossos próprios medos e da verbalização das nossas angústias e também da constatação de que não estamos sozinhos nem nos medos, nem em relação ao apoio que podemos requerer para nos sentir melhor a respeito desse sentimento.