As formas variadas como negros e indígenas interpretaram, tiraram vantagens e rejeitaram os termos de exclusão e de cidadania desigual recordam-nos que, embora muitos tenham imaginado e reivindicado a cidadania em seus próprios termos, ela nem sempre, ou necessariamente, era o objetivo desejado, mas apenas uma entre muitas possibilidades políticas.” Neste fascinante e minucioso estudo, a historiadora nipo-americana Yuko Miki foca no entrelaçamento das histórias negra e indígena para explicar como pessoas negras escravizadas, povos indígenas e quilombolas lutaram para modelar sua relação com o Estado e a sociedade ao redor e assim construíram noções próprias de cidadania. Os termos de inclusão no pacto social que delimita as fronteiras da cidadania seguem sendo uma questão premente e aberta em nossa sociedade, cada vez mais instada a lidar com a diferença e a diversidade, à medida que administra — com violência explícita, se preciso — sua profunda desigualdade. Fronteiras da cidadania reconstrói a trajetória das populações negra e indígena e, sem esconder suas contradições e ambivalências, demonstra quão longe foram no vislumbre de outros modelos de nação, além de as reabilitar enquanto repositório de saberes e experiências aptos a nutrir nossa imaginação política para pensar o futuro.